sexta-feira, 6 de março de 2009

De Barretos a Las Vegas em oito segundos

Olá amigos leitores. Assim como você, eu também fui a Barretos, na última semana no rodeio internacional. Bom, se por algum motivo você não foi, não se preocupe mesmo como expectador não poderia de relatar detalhes do que aconteceu. Caso tenha ido, vamos reviver esta final eletrizante.











Foto: André Silva

Barretos, domingo dia 31 de agosto de 2008, 19h43. Poucos minutos separavam um competidor da realização de dois feitos: ser campeão de Barretos e montar na final Mundial da PBR em Las Vegas. Sendo mais preciso com o tempo, oito segundos separavam Barretos de Las Vegas, e só um entre os quinze finalistas conseguiria a dupla façanha. Isso só foi possível porque Barretos este ano em seu rodeio internacional trouxe uma etapa da PBR (Professional Bull Riders) e com a premiação oferecida para o campeão, cerca de 160 mil reais, convertidos em dólares classificaria o campeão de Barretos para final da PBR, uma vez que o critério para montar na final de Las Vegas é a quantia de dólares ganhos no ano.

Começou a final com a locução de Adriano do Vale. O primeiro a se apresentar foi Ivan da Silva de Porto Ferreira, montando o touro Bala de Prata do Paulo Emilio. Usando um capacete preto ele não tinha chances matemáticas de ir a Las Vegas. Bala de prata dá um pulo para a direita, mesmo lado que o competidor segura a corda americana, mas, volta com tudo para o lado contrário e derruba Ivan.

Enéas Barbosa Alves montou All Rock. O touro preto entrou rodando contra a mão de Enéas, que acompanhou, no sexto segundo Enéas abriu a guarda, afastou da corda, mas recuperou e terminou a montaria marcou 85,75 pontos que lhe jogou naquele momento na segunda posição, ou seja, adeus Las Vegas.

Luciano Linares enfrentou o touro Pesadelo do Andre de Mogi. Ao abrir da porteira o touro deu um pequeno tropeço, no segundo pulo entrou acelerado na roda, assim como os gritos do público, ele controlou e levou a montaria até o fim. Infelizmente no tropeço do primeiro pulo Linares afastou um pouco da corda e tomou um “puxão” e sua mão livre tocou no touro, resultando na nota zero.

Jarbas Lopes tinha a missão de enfrentar o touro Praga de Sogra. Usando capacete e colete preto, camisa vermelha pediu para abrir a porteira. O touro deu três pulos e veio na esquerda, no mesmo sentido da mão de apoio de Jarbas, no quinto segundo Jarbas mandou o braço atrasado, e o touro venceu-o no sétimo segundo.
Thiago Paguioto foi em Festa no Festa no Apê. O touro de cor branca e chifres abertos saiu rodando na mão do competidor que usava um capacete preto e marcou 88,25 pontos. Ele ficou naquele momento na segunda posição 0,25 atrás do líder e nada de Las Vegas.

Fabiano Vieira montou Cristo Rei da Cia 3B. O touro veio na mão de Fabiano, pulando explodido, alto, o publico subiu junto com o touro, 84 pontos, que o jogou na terceira posição e bem longe de Las Vegas.

A locução agora é de Almir Cambra. Roberlei Luciano Val montou o touro Samurai, ao abrir a porteira ele entrou rodando para a esquerda rodando um pouco aberto marcando 80,75 pontos sem ameaçar a liderança.

Chegou a vez de Silvano Alves montar Fera Goiana do André de Mogi. Abriu a porteira e touro deu um, dois, três pulos altos e pranchados, torcidos, nesse momento a arquibancada levantou, no quinto segundo e touro entra rodando acelerado para a esquerda, um show de montaria que resultou em 86,75 pontos. Silvano sobe dez posições, fica naquele exato momento na segunda posição 0,25 pontos atrás do líder e sem chances de ir aos States.

A experiência de Romildo Monteiro entra em cena para montar Thorck do Neto Oger. A montaria agora é no brete dos fundos, bretes novos, e todo mundo correndo para lá. Todos posicionados abre a porteira, e com ela o touro de um pulo, entrou para direita, uma rodada saiu da roda, mais um pulo entrou pra esquerda e Romildo firme, nesse momento touro desistiu de rodar e tenta quebrar paleta, mudar de direção para vencer Romildo que termina os oito segundos marcando 85,25 pontos. Fica a 1,25 pontos do líder e sem Las Vegas.

Enquanto Alyson Saldanha se prepara para montar Guedes da Cia São José, todos retornam para o brete da frente. Usando um chapéu preto, nas costas o número vinte, por cima de seu colete preto e sua camisa laranja. Já no primeiro pulo o touro veio na mão de Saldanha. E foi rodando como um hélice em direção ao centro da arena. Ao descer do touro ele vê que tira 88,50 pontos assume a liderança e sente o brilho de Las Vegas.

Rafael Vilella entra para narrar o ultimo bloco de montarias. Elton Cide montou o Calibre do Dr. Eraldo. Todos observam Cide se aprontar para a montaria. Em seu colete uma cruz de São Bento, sinal de fé. Em seu colete preto um adesivo da PBR mostra aonde ele quer chegar. Com sua luva bege aperta a corda, arranca o protetor bucal do bolso do colete, faz cara de serio, concentrado, pede a porteira. O touro dá dois pulos e entra para na mão de Cide, que faz todos os movimentos corretos para se manter em cima do touro, no sétimo segundo dá uma esporeada para mostrar seu domínio. Nota: 88,25 e por 0,25 pontos ultrapassa Saldanha e assume a liderança e claro, em seus olhos o brilho de Las Vegas tomava conta.

Chegou a vez no fenômeno Edvaldo Ferreira montar Oba Oba do Silmar. Usando Colete, calça de couro e capacete preto, luva amarela. Em seu colete um adesivo da Built Ford Tough Series (Primeira divisão da PBR) e com certeza é lá que ele pretende chegar. Sua cabeça balança em sinal de negativo, e faz sinal que não dá para soltar o touro. Agora sim tudo pronto, abre a porteira e o touro araçá sai para direita rodando a mil por hora, no sexto segundo Edevaldo chega a deitar para trás para alcançar o touro e vai com tudo para cima do touro que lhe dá 90,50 pontos e a liderança.

Julio Cesar montou no Atrevido do Andre de Mogi. Mais uma vez todo mundo correndo para os bretes do fundo. Vem Julio Cesar e atrevido dá dois pulos e entra pra direita e voltando no mesmo instante, essa mudança de direção faz com que a mão de Julio estique e ele perca a montaria no quarto segundo.

O Canadense Rob Bell montou Silverado que deu dois pulos e entrou rodando para a direita, e Rob veio babando esporeando arriscando tudo, afinal não é todo dia que se tem uma vaga para Las Vegas e com 90 pontos toma a liderança de Edvaldo e a vaga seria dele se o último competidor falhasse.

Mais correria, todos de volta ao brete da frente. Chegou a vez de Leonil Soares de Colorado no estado do Paraná mudar de uma vez por todas sua historia dentro do rodeio Mundial. A situação de “Nil”, como é conhecido entre os competidores, era a seguinte: ele estava invicto, não havia caído de nenhum touro. Ele tinha uma parada a mais que os outros competidores, em resumo só dependia dele, se ficasse os oito segundos a vaga para Las Vegas e o titulo de Barretos seria dele senão, ficaria com o Canadense. O touro a ser montado era Brasileiro da Cia Livramento do Mauro Brosco, aliás, o nome do touro não poderia ser mais propício. Quando o público “brasileiro” percebeu que o título poderia ficar com um canadense, foram levantando um a um nas arquibancadas: ninguém pediu isso.

Sendo assim o paranaense usando um protetor facial (mascara) pediu a solta, concentrado, atento, o touro branco deu um, dois pulos, entrou rodando para e esquerda, no mesmo sentido (lado) da mão de apoio de “Nil”. O buraco de rodeio mais famoso do mundo quase foi mais abaixo do que já é, tenho certeza que essa energia chegou a cada parte do seu corpo (mão de apoio, mão livre, pernas, etc.), ele termina a montaria desce do touro, os salva-vidas Dinho e Dici levam o touro para longe dele. A imprensa invade a arena, dezenas de fotógrafos e repórteres todos querendo uma palavra do tímido “Nil”. Cacá dá uma bandeira do Brasil para ele usar em Las Vegas. Impossível alguém ouvir uma única palavra, os segurança adentram a arena para conduzir ele para premiação no palco.

Acaba a premiação, mais assédio, o amigo paranaense e já campeão de Barretos Fabiano Vieira interfere e segura “Nil” pela mão diz: ela agora vai “destrajar” (tirar a roupa de montaria, calça de couro, colete, luva. Etc.) todos esperam e na seqüência o conduzem para coletiva de imprensa. Em apenas oitos segundo Leonil Soares foi da capital brasileira de rodeio para a capital mundial do rodeio. De Barretos a Las Vegas em oitos segundos. Parabéns “Nil”.

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